domingo, 30 de novembro de 2014

Livros didáticos para a revolução socialista bolivariana

20/03/2014 09:08

Livros didáticos para a revolução socialista bolivariana

Por Orley José da Silva (*)
Alunos das escolas públicas de todo o país já estudam nos livros didáticos recomendados pelo Ministério da Educação (MEC) para o triênio 2014/17. Alguns dos exemplares incomodam educadores e famílias pela ousadia na doutrinação política, ideológica, moral e de costumes. Principalmente pais cuja única alternativa viável é confiar na parceria do Estado para a educação de seus filhos, de maneira a respeitar seus valores culturais. Embora sempre tenha havido direcionamento doutrinário no material didático, agora ele é mais agressivo e direcionado. Pelo que é possível observar em indícios, os livros se apropriam do ideário socialista de poder pensado a partir do Foro de São Paulo para esta parte do Continente e do Caribe. Socialismo este que se constrói na caminhada e que se convencionou chamar de bolivariano, por sugestão de Hugo Chavez.
No caso brasileiro, busca-se alinhar e aparelhar ideologicamente universidades e escolas públicas, principalmente, com seus aproximados 56 milhões de estudantes. Isto com o objetivo de instrumentalizar essas mentes para a sustentação de um governo socialista que seja consensual e duradouro a ser implantado no país. Está em curso, pois, em nosso sistema de ensino público o plantio da semente revolucionária socialista inspirada em Gramsci para uma revolução que se pretende pacífica, caso não haja acidente de percurso. Para o cumprimento deste objetivo, trabalha-se na sociedade a construção hegemônica do ideal comunista por meio de estratégias discursivas que possibilitem a subjetivação dos sujeitos.
E o livro didático tem papel importante para normalizar na sociedade a apresentação desse modelo de governo quando traz uma visão marxista de praticamente tudo. E é com este olhar que o aluno aprende a ver o mundo, a religião, a história, a sociedade, o estado, a família e suas relações com o ambiente, consigo mesmo e com o outro. É com as lentes do relativismo que trata a moral e os costumes. Já as relações com o poder, autoridade (mesmo a familiar) e instituições sociais, encontram aporte em concepções anarquistas. Não há espaço nesses livros para ideologias que pensem um mundo diferente. E tudo isto, de maneira dissimulada e sem que se pergunte às famílias dos alunos se desejam que eles sejam doutrinados com esse modelo ideológico e de sociedade.
Dessa forma, as ocorrências formadoras de opinião aparecem implícitas e explícitas em alguns livros, principalmente quando tratam dos assuntos de linguagem, história, geografia e os temas transversais. É possível encontrar neles a promoção do enfraquecimento das instituições sociais e o fortalecimento da confiança e dependência do Estado; há textos e imagens que fazem propaganda positiva do governo; exalta figuras socialistas brasileiras e estrangeiras; enleva o modelo socialista, relativista e sustentável de governar; relê períodos históricos e econômicos da nação de acordo com o marxismo; sublima nomes importantes do Governo; ironiza partido político de oposição e duvida da capacidade para decidir de adversários políticos.
Nas últimas edições recomendadas do livro didático, valores e símbolos cristãos já vinham perdendo espaço e importância. Mas na edição deste triênio, referências aos fundamentos da fé cristã que já eram escassos praticamente desaparecem, restando apenas registros do folclore e da tradição cultural do catolicismo romano popular. Em contrapartida, privilegia o sincretismo religioso e destaca pedagogicamente aspectos doutrinários e práticos de religiões de matriz africana, esoterismo, bruxaria, além da mitologia clássica. Corrobora-lhes o status de manifestação cultural e de maneiras alternativas para o exercício da espiritualidade. É o emprego do laicismo de uma via só porque esquece e substitui valores caros para as culturas judaica e cristã predominantes na constituição da crença e da moral da maioria dos brasileiros.
Outra temática controversa é a insistência governamental na desconstrução dos conceitos de família tradicional e de heteronormatividade no material didático. Em abril de 2011, o MEC quis enviar recursos didáticos voltados à afirmação homossexual para 6.000 escolas de ensino médio. Tratava-se de um estojo composto de três vídeos contando histórias fictícias de relacionamento afetivo entre masculinos e femininos, acompanhados de um guia para orientação do professor. Apelidado na época de “kit gay”, o material foi elaborado pela organização não governamental Ecos – Comunicação em Sexualidade, em parceria com a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Em tese, serviria para combater o preconceito contra a pessoa homossexual na escola, mas foi entendido pelos seus opositores como indutor para a escolha de conduta sexual.
Esse questionamento levantado pelas bancadas católica, evangélica e da família foi levado à presidente Dilma Rousseff que vetou a distribuição dos mesmos para as escolas. Um dos argumentos das bancadas foi o reconhecimento da necessidade de enfrentar as diversas situações de preconceito na escola, mas com abordagem diferente da pretendida pelo movimento LGBT. Isto para não direcionar a escolha sexual do aluno e não ferir valores culturais cristalizados nas famílias. Como o assunto não estava no interior dos livros, não foi difícil para o MEC cumprir a determinação presidencial. Na oportunidade, o ministro Gilberto Carvalho prometeu às representações políticas que, dali em diante, toda edição de material didático sobre “costumes” passaria antes pelo crivo da Presidência da República e, em seguida, por um amplo debate com a sociedade civil.
Mas o Governo Federal desonrou o acordo e o projeto ressurgiu ampliado e desta vez inserido no material didático deste triênio, bem como em cartilhas e livros paradidáticos. Como se não bastasse trazer de volta a temática gay, acrescenta a desconstrução do modelo de família tradicional. Desse propósito não escapa nem mesmo o Plano Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) para crianças com 7 e 8 anos de idade. Um dos livros apresenta quatro gravuras de pares gays masculinos e femininos acompanhados de crianças. O caráter de normalidade é quando as imagens aparecem comumente misturadas à família tradicional conforme é prevista na Constituição.
Este mesmo tema é recorrente em livros para as idades subsequentes. Em exemplares de Língua Inglesa para adolescentes entre 12 e 15 anos se oferece dicas ao professor sobre maneiras criativas de auxiliar o aluno na escolha da opção sexual, mudança de nome, e cirurgia para mudança de sexo. O educador é orientado, inclusive, a montar estratégias de convencimento para os alunos a partir de comentários em sala de aula sobre o comportamento homossexual de pessoas famosas. Mesmo que sejam pontuais, sutis ou implícitas, ocorrências como as relatadas neste artigo podem ser consideradas como intencionais para formar opinião política, partidária, religiosa, de costumes e ideológica na escola e a partir dela.
Embora não seja objeto deste artigo, é intrigante pensar como a união por conveniência de correntes ideológicas tão conflitantes entre si, mas que se valem das regras do Estado Democrático de Direito para solapar a própria democracia, seriam capazes de conciliar seus interesses num possível governo comunista. Mas o jogo está em andamento. A revolução socialista que o Governo propõe segue avante. E é estratégico seu investimento no aparelhamento ideológico da escola e da universidade públicas para que elas mesmas se incumbam de promover as mudanças por ele pretendidas na mente da sociedade.
Inclusive, o viés de abordagem dos temas transversais que aparece nos livros para a escola pública é uma síntese de pesquisas, congressos, simpósios e seminários da universidade. Muitos desses temas oriundos de pesquisas que são partidárias e engajadas em lutas de classe, não resistiriam ao debate imparcial de seus relatórios de trabalho. Mas se abrigam na soleira da academia e se fazem vestir do manto da Ciência. E o fazem sustentados com financiamento de agências oficiais de fomento à pesquisa.
Financiamento este que é escasso e se destinaria, preferencialmente, para desenvolver pesquisas de relevante interesse social, tecnológico e produtivo. Assim, esbulham do status de autoridade científica para prescrever normas destinadas à sociedade, de quem estão distantes e dessintonizados. E a escola pública, justamente ela que abriga a maioria dos filhos de cujas vozes de angústia e indignação não encontram interlocutor de confiança, torna-se caudatária de teorias de consistência e aplicabilidade duvidosas. Além do mais, ela vê acontecer em seu espaço arrolamento para revolução política e experiências de reengenharia social.
(*) Orley José da Silva é professor em Goiânia, mestre em letras e linguística (UFG) e mestrando em estudos teológicos (SPRBC)
Obs.; Este artigo foi originalmente publicado no site:                                     http://www.campograndenews.com.br/artigos/livros-didaticos-para-a-revolucao-socialista-bolivariana , no dia 20.03.2014

Livro didático: ferramenta para a revolução socialista




ESCRITO POR ORLEY JOSÉ DA SILVA | 30 SETEMBRO 2013 

ARTIGOS - GOVERNO DO PT

Um exemplar para adolescentes de 14 anos oferece dicas ao professor sobre maneiras criativas de auxiliar o aluno na escolha da opção sexual, mudança de nome, e cirurgia para mudança de sexo.
Os livros didáticos recomendados pelo Ministério da Educação (MEC) para o ano de 2014 encontram-se nas escolas públicas a fim de que sejam selecionados pelos professores de cada disciplina. Pelo menos nas escolas do município de Goiânia, a escolha tem sido dolorosa para educadores inconformados com a proposta revolucionária de alguns desses livros, que sustenta doutrinamento político, ideológico e de costumes.

Há neles textos e imagens de propaganda institucional; exaltação de figuras socialistas brasileiras e estrangeiras; promoção do modelo socialista, relativista e sustentável de governar; releitura de períodos econômicos e históricos da nação; sublimação de nomes importantes do Governo; ironia a partido político oposicionista e duvida da capacidade para decidir de membros da oposição. Mesmo que sejam pontuais, sutis ou implícitas, ocorrências assim podem ser tidas como intencionais para formar opinião política, partidária e ideológica a partir da escola.
Nas edições dos últimos anos, valores e símbolos cristãos já vinham perdendo espaço e importância. Mas nos livros para a escola pública do próximo ano, as referências à fé cristã praticamente desaparecem, restando apenas alguns poucos registros das festas do catolicismo popular. Por outro lado, eles ampliam o destaque dado aos aspectos doutrinários e práticos de religiões de matriz africana, bruxaria, esoterismo, além da mitologia, emprestando-lhes status de manifestação cultural e de maneiras alternativas de espiritualidade.
No entanto, a tentativa do MEC de apontar rumos à opinião na escola não é nova. Em abril de 2011, ele quis enviar recursos didáticos voltados à afirmação homossexual para 6.000 escolas de ensino médio. Tratava-se de um estojo composto de três vídeos contando histórias fictícias de relacionamentos amorosos homossexuais, masculinos e femininos, acompanhados de um guia para orientação do professor. Apelidado na época de “kit gay”, o material foi elaborado pela organização não governamental Ecos – Comunicação em Sexualidade, em parceria com a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Teoricamente, serviria para combater o preconceito contra a pessoa homossexual na escola, mas foi entendido pelos seus opositores como indutor para a escolha de conduta sexual.
Esse questionamento levantado pelas bancadas católica, evangélica e da família foi levado à presidente Dilma Rousseff que, depois de assistir aos vídeos, vetou a distribuição dos mesmos para as escolas. Um dos argumentos que motivou a decisão dela foi o reconhecimento da necessidade de enfrentar as diversas situações de preconceito na escola, mas com abordagem diferente. Como se tratava de material complementar que não respingava no conteúdo dos livros, não foi difícil para o MEC cumprir a determinação presidencial. Na oportunidade, o ministro Gilberto Carvalho prometeu às representações políticas que, dali em diante, toda edição de material sobre “costumes” passaria antes pelo crivo da Presidência e por um amplo debate com a sociedade civil.  
Mas o MEC ignorou o combinado e fez ressurgir o projeto, no livro didático de 2014. Como se não bastasse, acrescentou o delicado tema da configuração familiar. Desse propósito para a desconstrução do modelo tradicional de família, não escapa nem mesmo o Plano Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) quando apresenta, de maneira lúdica, as novas famílias para crianças com 8 anos de idade. Um dos livros traz cinco gravuras de pares gays masculinos e femininos acompanhados de crianças, comumente misturados à família tradicional. E este mesmo tema é recorrente em livros para as idades subsequentes. Um exemplar para adolescentes de 14 anos oferece dicas ao professor sobre maneiras criativas de auxiliar o aluno na escolha da opção sexual, mudança de nome, e cirurgia para mudança de sexo. O educador é orientado, inclusive, a montar estratégias de convencimento a partir de comportamentos sexuais de pessoas que, através da mídia, são conhecidas do grande público.
Caso haja nova pressão política e a determinação presidencial se repita, não poderia ser cumprida facilmente com o material didático do próximo ano visto que ele foi cuidadosamente produzido para não sofrer alterações. Isto porque os temas homossexuais e familiares não mais se apresentam separados do conjunto didático, mas se misturam aos conteúdos de algumas disciplinas. Com isso, vale questionar se a quebra da promessa presidencial de não promover padrões de comportamento, ainda mais na escola, sem uma ampla discussão com a sociedade civil organizada foi por conta e risco do MEC ou teve o aval do Planalto.
Ao contrário do que pode pensar o MEC, estas mudanças produzem estranhamento entre os professores. Por mais que ofereça cursos e palestras com a finalidade de convencê-los e/ou convertê-los para essas ideias. É de se esperar que a proporção de educadores contrários e favoráveis à inserção destes temas na educação básica não seja diferente daquela encontrada na população. E, se estes livros são capazes de chocar professores e familiares numa grande cidade, a exemplo de Goiânia, não é difícil imaginar a dimensão do impacto que suas ideologias poderão causar às famílias das pequenas cidades e povoados do interior brasileiro.  
Mas o Governo se propôs a uma revolução e acredita que ela possa ser operada por meio de uma educação que subjetive as pessoas. Deve ser por isso que ele investe no aparelhamento ideológico da escola e da universidade públicas para que elas mesmas se incumbam de promover as mudanças por ele pretendidas na mente da sociedade. Inclusive, o viés de abordagem dos temas transversais que aparece nos livros é uma síntese de pesquisas, congressos, simpósios e seminários da universidade. A tendência é que os livros didáticos para a escola pública, que são recomendados pelo MEC, sirvam de parâmetro para o mercado editorial como um todo e alcance também as escolas particulares, inclusive as confessionais. Isto porque o milionário mercado dos livros didáticos e paradidáticos vive ao sabor das conveniências, mesmo que elas movimentem a sociedade para lugares estranhos.
Para ver alguns dos absurdos presentes nos novos livros didáticos, clique aqui
Orley José da Silva é professor em Goiânia, mestre em letras e linguística (UFG) e mestrando em ministério (SPRBC).

Obs.: artigo originalmente publicado no Mídia Sem Máscara de 30.09.2013

http://www.midiasemmascara.org/artigos/governo-do-pt/14555-livro-didatico-ferramenta-para-a-revolucao-socialista.html

A psicóloga Deuza Avellar entrevista o professor Orley José da Silva


Esta é uma entrevista improvisada de 4 minutos concedida a psicóloga Deuza Avellar. Excluindo os improvisos e equívocos de datas e números, a essência da entrevista pode ser observada na materialidade dos livros didáticos 2014/2016.

Este vídeo está chegando aos 6.000 compartilhamentos no facebook.

https://www.facebook.com/video.php?v=727664267244561

sábado, 29 de novembro de 2014

Indícios de reengenharia social a serviço de projeto de poder em livros didáticos recomendados pelo MEC


Será que vereador se importa mesmo com Cmei e escola?
“Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é negá-la.”
São Tomás de Aquino
Orley José da Silva
Esta não é uma resposta difícil a julgar pela atenção e atitudes dispensadas pelo legislativo municipal às escolas e aos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs). A casa não dá sinais, por exemplo, que acompanha as dificuldades deste início de ano letivo. É até provável que não saiba do abatido estado de ânimo das categorias de professores e administrativos, porque o Paço Municipal deixou de cumprir itens do acordo firmado com eles em outubro e mediado pelo Ministério Público. Soma-se a isto a revolta pelo reajuste salarial de 8,32% sugerido pelo MEC, sendo que o reajuste do repasse por aluno recebido pelo município, para o mesmo período, gira em torno de 19%.
Talvez esse parlamento não saiba que faltam professores regentes e servidores administrativos em quase todas as unidades educacionais. Com isto, não são poucas as escolas cujas salas de informática e bibliotecas estão fechadas e têm prejudicados os serviços de limpeza e merenda. A escola onde trabalho, no período vespertino, ressente da falta de cinco professores, num universo de dezoito. E até que o quadro de profissionais se complete, escolas e cmeis devolvem crianças para suas casas porque não conseguem atendê-las, aumentando assim as dificuldades das famílias.
Esta situação é recorrente em início de ano letivo porque os educadores efetivos não suprem a demanda do município, visto que os concursos realizados pela Prefeitura sempre oferecem vagas em quantidade menor que o necessário. E nesse tempo, o Ministério Público, com muita propriedade, dificulta contratações temporárias para forçar que se cumpra a lei pelo preenchimento das vagas através de concurso público. Mas pelo visto, há conveniência na manutenção de contratos precários. Isto porque o custo deles é menor para a folha de pagamento, eles evitam reivindicar melhorias na qualidade de ensino e de trabalho e se veem sujeitos aos favores do político ou do gestor da unidade educacional.
Mas também faltam escolas e cmeis porque alguns bairros não tiveram a felicidade de serem contemplados com o cumprimento de promessas feitas em campanhas eleitorais. Em Goiânia, há um expressivo contingente de crianças cujo direito constitucional à escola é negado. E os gestores das unidades escolares são os primeiros agentes públicos a lidar com o desespero das famílias que não encontram vagas para seus filhos. Invariavelmente, eles fazem o possível para minimizar este drama social causando outro tipo de problema, porque superlotam as salas de aula, mesmo sabendo das contradições pedagógicas da medida. Eu mesmo leciono numa sala de agrupamento D, com 38 alunos matriculados até o fechamento deste artigo. Imagine o leitor o que é ensinar Língua Portuguesa para esta quantidade de crianças em idades entre 8 e 10 anos, com a agitação natural da idade e os seus diferentes estágios de aprendizado.
Quando se fala em resolver problemas prediais, pedagógicos e de pessoal, a prefeitura alega falta de recursos. Porém, se fosse estancada a sangria financeira que há na própria Secretaria Municipal de Educação, seria possível atender algumas demandas. Um dos vários pontos importantes de sangria é o incoerente repasse de recursos da educação para a Guarda Municipal. Outro, os crescentes gastos com aluguéis de veículos e imóveis. Não entendo, por exemplo, a lógica econômica e social para o deslocamento diário em ônibus fretado de alguns milhares de alunos para bairros distantes, em vez de construir escolas para atendê-los perto de suas residências.
De acordo com informação da imprensa, 10% do valor da folha de pagamento são gastos com gratificações indevidas e o imbróglio não se resolve por falta de vontade política do Paço Municipal e da Câmara de Vereadores. Se prefeitura e legislativo fizessem a ação benemérita de somar esses R$ 16.000.000,00 mensais aos gastos já destinados à educação, desafogariam a lista de necessidades. Para que o leitor avalie, uma escola de modelo padrão para o município de Goiânia, incluindo o terreno, 16 salas de aula, quadra de esportes, pátio, dependências de apoio e salas administrativas, custa em torno de R$ 5.000.000,00.  Já um cmei de grande porte é 70% deste valor. Somente esta economia com a folha de pagamento zeraria o déficit que é de 130 unidades de escolas e cmeis em 4 anos.
É provável que a casa legislativa municipal conheça o caráter opinativo e doutrinário dos livros didáticos/2014 distribuídos às crianças e adolescentes das escolas, mas tenha decidido lavar as mãos. Esta postura teria sido diferente se o público destinatário dos livros fosse uma massa crítica mais expressiva, cuja voz se fizesse retumbar nos gabinetes do poder. Quem sabe até recebesse nariz de palhaço e apitaço de apoio em praça e interesse de fiscalizar por comissão apropriada e específica da casa. Mas, desafortunadamente, as pessoas que não possuem meios para escolher livremente o método pedagógico e a ideologia para a educação de seus filhos, acham-se indefesas e sozinhas. Elas não têm alternativa que não seja deixá-los a mercê das experiências de engenharia social do Ministério da Educação (MEC).
Mas o que há de diferente nesses livros? Embora alguma forma de doutrinamento sempre tenha havido no material didático, agora ele se dá de maneira mais agressiva e direcionada porque foi apropriado pelo extraordinário e bem arquitetado projeto de poder que é pensado no Foro de São Paulo para esta parte do Continente. No caso brasileiro, busca-se o alinhamento doutrinário e o consequente aparelhamento ideológico das universidades e escolas públicas, principalmente. Isto com o objetivo de preparar as mentes para a formação de um governo socialista consensual e duradouro em não muitos anos. E está em curso a partir de nosso sistema de ensino público a revolução socialista que se inspira em Gramsci. Não pela força das armas, mas pelos mecanismos estratégicos de subjetivação dos sujeitos.
Estes livros trazem uma visão marxista de praticamente tudo. É com este olhar que o aluno aprende a ver o mundo, a religião, a história, a sociedade, o estado, a família e suas relações com o ambiente, consigo mesmo e com o outro. E é com as lentes do relativismo que trata a moral e os costumes. Já as relações de poder, autoridade e instituições, encontram aporte no anarquismo. Não há espaço nesses livros para ideologias que pensem um mundo diferente. Eles promovem o enfraquecimento das instituições sociais, inclusive a família tradicional; desconstrução para posterior apagamento dos elementos primários da cultura judaico cristã; relativização do sentimento religioso e sua substituição por um caldo cultural. É importante salientar que para a concretização desse projeto de poder, são fundamentais o definhamento e anulação dos princípios basilares da sociedade do presente.
As famílias goianienses, destinatárias destes livros, almejam esse modelo de sociedade? As famílias cujos filhos estudam em escola municipal têm direito de conhecer a proposta pedagógica e a ideologia que eles recebem? O Estado brasileiro age de boa fé quando não esclarece os seus objetivos ideológicos e políticos na formação dos alunos? Mas o poder local também não se exime das responsabilidades quando não age criticamente diante dos materiais didáticos e não fiscalizam suas intenções. Nessa linha de raciocínio, os vereadores goianienses são co-responsáveis pela insidiosa doutrinação governamental dos filhos da nossa gente e cúmplices desse projeto e dos seus resultados sociais, morais e políticos de daqui a 15 ou 20 anos.  Isto porque estados e municípios não se acham obrigados a adotar livros recomendados pelo MEC.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96) dá autonomia didática e pedagógica às escolas. Cada escola, em tese, pode elaborar seu material didático desde que observe os Parâmetros Curriculares Nacionais. Prefeituras e estados buscam seus livros no MEC pela praticidade, qualidade de editoração e impressão, economia e sobretudo confiança. Mas a Prefeitura de Goiânia, se quisesse, poderia ter ficado sem esse material porque soube dele antes de realizar os pedidos. Ela poderia ter escolhido outros livros dentro da mesma lista de recomendados pelo MEC, que tivessem linhas ideológicas mais isonômicas.
Tomara que, no futuro, se estabeleçam laços confiáveis de proximidade e cooperação entre o legislativo municipal, as escolas e cmeis para que a pergunta do título tenha resposta satisfatória. Um tempo em que a ação do parlamentar não esteja vinculada à fidelidade aos blocos de apoio e de oposição ao prefeito, mas com independência para livremente apoiar as demandas da coletividade. Que sua voz, consciência e valores não sejam corrompidos pelas cotas de cargos comissionados, nomeação de secretarias, recebimento de favores ilícitos, promessas de obras em reduto eleitoral e lugar privilegiado no palanque das eleições.
Orley José da Silva é professor, avô de uma criança em idade escolar, mestre em letras e linguística (UFG) e mestrando em ministério (SPRBC).

Obs.: Esta é a íntegra do artigo publicado originalmente no Jornal Opção, de Goiânia, edição de 16 a 22 de fevereiro de 2014. 
http://www.jornalopcao.com.br/posts/bastidores/sera-que-vereador-se-importa-mesmo-com-cmei-e-escola

Miguel Nagib, Adolfo Sachsida e Orley Silva conversam sobre doutrinação em sala de aula


Para quem gostaria de compreender o fenômeno da doutrinação política e ideológica em sala de aula, este hangout de 1 hora e 4 minutos é uma boa oportunidade para se introduzir no assunto. Neste bate-papo, eu e o advogado Miguel Nagib (do Escola Sem Partido) conversamos sobre o tema com o economista e professor Adolfo Sachsida.





Orley José da Silva, é professor,  mestre em letras e linguística e mestrando em estudos teológicos.


Por um sindicato de professores não partidário e pela não doutrinação em sala de aula

Entrevista concedida ao programa Educashow, do Sindicato dos Servidores Municipais da Educação do Município de Goiânia (SIMSED).

Defendo a ideia de um sindicato puramente trabalhista, ou seja, que se dedique apenas às questões da valorização trabalhista e das condições de trabalho dos servidores municipais da educação de Goiânia. 

Defendo também que o sindicato se abstenha de empunhar outras bandeiras quais sejam as político-partidárias e de movimentos sociais, como condição para se aproximar da unidade de propósito da categoria.

Nesta entrevista defendo também a não doutrinação político-ideológica em sala de aula, como forma de respeito aos valores éticos, morais, políticos e religiosos trazidos de casa pelo aluno.






Orley José da Silva, é professor,  mestre em letras e linguística e mestrando em estudos teológicos.



Crítica marxista e valores do Foro de São Paulo influenciam livros didáticos do MEC


Palestra ministrada na Câmara Municipal de São Paulo no dia 22/03/2014, por ocasião do encontro estadual de lideranças evangélicas de São Paulo, promovido pelo FENASP-SP (Frente Evangélica Nacional de Assistência Social e Política).

Importante para compreender o conteúdo doutrinário dos livros didáticos do MEC 2014/16 para a escola pública. 

Livros que contém doutrinação de acordo com a "crítica social marxista", abraçada pelo Foro de São Paulo, para uma revolução política e social a partir da escola básica.







Orley José da Silva, é professor,  mestre em letras e linguística e mestrando em estudos teológicos.

A quem interessa o desperdício público de livros didáticos?

Foto: Maria Machado/Arquivo Pessoal. (divulgação) Algumas redes públicas de ensino do país estão aderindo a uma espécie de terceirização bra...